Produtores rurais da Argentina protestam contra o governo
Movimento é liderado pela Federação Agrária do país que enfrenta alta inflação e escassez de diesel
Inicialmente, o movimento grevista dos produtores rurais durou 24 horas. De acordo com as lideranças do setor, o interrompimento provisório das atividades agrícolas teve por objetivo chamar a atenção do governo liderado pelo presidente Alberto Fernández. Agricultores e pecuaristas reforçam a necessidade de serem colocadas em práticas medidas que visem auxiliar o desenvolvimento do agronegócio argentino.
“O campo faz parte da solução para os problemas do país” — FAA
“Houve coincidência em destacar os graves problemas que afetam os produtores agrícolas de todo o país, como a falta ou sobre preços nos combustíveis, inflação crescente, mudança de regras de jogo, falta de financiamento, falta de políticas de estado para que o produtor tenha previsibilidade para poder produzir mais”, afirma, por meio de nota oficial, a FAA. “O campo faz parte da solução para os problemas do país”, destacou a entidade.
A Federação Agrária reclamou, ainda, de que, na visão deles, o governo atual do país tem sido responsável por problemas para a população em geral. Como exemplo, citaram o “aumento dos números da pobreza”. Incertezas na política e na economia e a perda do poder de compra foram outros itens mencionados.
Além da FAA, a greve contou com apoio de outras três entidades ligadas ao agronegócio argentino: Confederación Intercooperativa Agropecuaria Limitada (Coniagro), Confederaciones Rurales Argentinas (CRA) e Sociedad Rural Argentina (SRA). O movimento dos produtores rurais argentinos foi responsável por bloquear estradas em ao menos dez cidades da Argentina:
Chaco;
Mendoza;
Santa Fé;
Formosa;
Corrientes;
Córdoba;
Buenos Aires;
La Pampa;
Entre Rios.
Foto: Reprodução/FAA
A greve de produtores rurais ocorreu no momento em que a Argentina enfrenta elevação dos índices de inflação. No acumulado de 12 meses, o índice de preços no país registra alta de 60,7% — percentual mais alto em três décadas. Além disso, argentinos têm convivido com a escassez de combustíveis, sobretudo o óleo diesel, usado em grande volume pela cadeia responsável por movimentar o agronegócio.
Governo da Argentina reclama dos produtores rurais
Chefe de gabinete do governo central argentino, Juan Manzur criticou a paralisação capitaneada por produtores rurais. De acordo com ele, esse é o tipo de ação que “não leva a nada”. “Não concordamos com esse protesto”, enfatizou o político em entrevista ao jornal Clarín. Manzur ainda afirmou que está aberto ao diálogo com a categoria, admitiu problema de abastecimento com diesel, mas prometeu: está trabalhando para resolver essa questão.
“Há uma série de medidas em relação ao fornecimento de diesel” — Juan Manzur
“Há uma situação energética muito complexa em nível mundial”, relatou o chefe de gabinete do governo de Alberto Fernández. Nesse sentido, ele demonstrou otimismo com o que deverá ocorrer com a situação local. “Felizmente, isso foi resolvido. E também há uma série de medidas em relação ao fornecimento de diesel que foram tomadas”, garantiu Manzur.
Sem apresentar dados a respeito, o ministro da Segurança da Argentina, Aníbal Fernández, classificou as entidades representativas dos produtores rurais como agentes da política contra o atual governo. “Parece-me que o campo quer se opor ao atual governo”, declarou o ministro.
Foto: Reprodução/FAA