MTC apresenta em Nanuque projetos para implantação da ferrovia
Na tarde de hoje, 03 de abril, o prefeito Gilson Coleta recebeu o presidente da MTC Caravelas, Divino Passos, Fernando Cabral, consultor da MTC e o ex-deputado estadual João Leite, e recebeu sugestões, para adequações de leis que possam adiantar na implantação da ferrovia Bahia Minas.
O consultor Fernando Cabral apresentou como sugestão uma lei aprovada no município de Caravelas, também entregou uma pauta para estudo e aprovação em Nanuque. “Nós estamos percorrendo todos os municípios que serão beneficiados com a volta da Bahia Minas, a parte ambiental carece de um estudo e desprendimento de todos, para que fique tudo pronto logo, sabemos das dificuldades, porém estamos prontos para auxiliar no que for imprescindível. Se houver a necessidade de realizar alguma indenização, será por conta na MTC – Multimodal Caravelas S/A., os municípios não acaram com nada”, relatou Cabral.
O presidente da Multimodal Caravelas, Divino Passos, falou sobre a perspectiva de prazo para o início e término da obra. “Se tudo ocorrer dentro do previsto, com a liberação ambiental, o início será em no máximo três meses e o término previsto em dois anos. A maior demora será a licença ambiental, porém não será necessário o EIA/RIMA, somente a licença ambiental, adianta em muito o processo”, disse Divino.
O prefeito Gilson Coleta, agradeceu a presença de todos e disse que acredita e confia no retorno da Bahia Minas, “sempre confie neste projeto desde o seu início, estive em várias audiências, Nanuque vai fazer a sua parte no que for possível para o início da reconstrução da ferrovia”, relatou Coleta.
Em fevereiro, a Multimodal Caravelas (MTC) S.A, com sede em Belo Horizonte, recebeu autorização para a construção e exploração da ferrovia que religará Caravelas, no litoral sul da Bahia, a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais, pelo prazo de 98 anos. A empresa está elaborando o projeto que será apresentado à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O traçado original da ferrovia tem cerca 578 quilômetros e a perspectiva é que a fase de projeto e licenciamento ambiental leve cerca de dois anos. O investimento estimado é de R$ 12 bilhões, com suporte de investidores europeus e asiáticos.
Além do transporte de cargas, há a possibilidade de transporte de passageiros na ferrovia. “O transporte ferroviário é uma importante alternativa num País que está com a frota envelhecida e estradas sucateadas”, diz Fernando Cabral, consultor da MTC. Ele observa que já há perspectivas de negócios no Norte de Minas, em especial em Salinas, com o transporte de minerais.
Representantes da MTC estiveram em Salinas no último dia 17 para apresentar e debater a construção da ferrovia Bahia-Minas. A proposta é que possa ser feita a extensão da ferrovia, incluindo o município no empreendimento.
O representante da empresa disse ainda que a ferrovia deve passar pelas mesmas cidades, só que o trajeto deverá ser diferente, pois não há possibilidade de o traçado passar pelas sedes dos municípios como acontecia antigamente. “Hoje é praticamente inviável, passar com uma locomotiva com 100 vagões por dentro de uma cidade, antigamente elas puxavam 8 vagões e não tínhamos tantos veículos. Cada cidade deverá sugerir qual local que atende melhor no desenvolvimento do município”, finalizou Fernando Cabral.
A Multimodal Caravelas informou que tem planos de oferecer serviços logísticos que contemplem a estrada de ferro Bahia-Minas, além do porto e aeroporto em Caravelas. Também está incluída a implantação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
O assunto já foi tratado em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Nanuque, em junho do ano passado.
Um dos objetivos da reativação da Bahia-Minas é o transporte de eucalipto até a fábrica da Suzano em Mucuri. Os Vales do Jequitinhonha e Mucuri e o Norte de Minas possuem grandes áreas de cultivo da árvore, usada na produção de celulose.
Outro produto que pode ser transportado pela ferrovia é o lítio. Atualmente, a Sigma Lithium, da boutique A10 Investimentos, investe pesado na construção de uma planta de extração entre os municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha, para produzir lítio de alta pureza, usado na produção de baterias. A expectativa é chegar à produção de 220 mil toneladas por ano de concentrado de lítio. O produto iria até Caravelas e de lá seguiria para Ilhéus, de onde pode ser exportado.
O turismo também poderá ser fomentado com a reativação da Bahia-Minas. Há a expectativa que haja trens ou vagões de passageiros, incrementando as atrações turísticas das regiões cortadas pela ferrovia. “Isso só será possível após os investimentos aplicados retornar e iniciarmos novos investimentos para atender o turismo”, relatou Divino.