Estudantes da rede estadual de MG tiveram piora no nível de aprendizagem em 2021
As avaliações foram aplicadas entre novembro e dezembro do ano passado. Trabalho da Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) neste ano visa recuperar os prejuízos.
Estudantes do ensino fundamental e do ensino médio da rede estadual de Minas Gerais tiveram uma piora no nível de aprendizagem em 2021, ano de atividades remotas por causa da pandemia, em comparação com 2019.
Os resultados do Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), elaborado por equipe externa ao estado e destinado a alunos ao final de cada etapa de ensino, mostram perdas de 4,5 pontos em língua portuguesa e de 9,8 pontos em matemática no 3º ano do ensino médio.
No caso dos discentes do 5º ano do ensino fundamental, as perdas de aprendizagem são ainda maiores – chegam a 7,4 pontos em língua portuguesa e a 11 em matemática.
As avaliações foram aplicadas entre novembro e dezembro do ano passado, e os resultados, divulgados neste mês com exclusividade ao g1 Minas.
Resultados do Proeb – Língua Portuguesa
Etapa | Resultado 2019 | Resultado 2021 | Variação |
5º ano do ensino fundamental | 222,4 | 215 | -7,4 |
9º ano do ensino fundamental | 246,5 | 247,1 | 0,6 |
3º ano do ensino médio | 265,2 | 260,7 | -4,5 |
Resultados do Proeb – Matemática
Etapa | Resultados 2019 | Resultados 2021 | Variação |
5º ano do ensino fundamental | 230,4 | 219,4 | -11 |
9º ano do ensino fundamental | 253,8 | 249,6 | -4,2 |
3º ano do ensino médio | 268,6 | 258,8 | -9,8 |
Segundo a secretária estadual de Educação, Julia Sant’Anna, apesar das perdas, os resultados são melhores do que o esperado. Um estudo realizado pelo Instituto Unibanco e o Insper previu que as perdas no ensino médio poderiam chegar a 16 pontos em língua portuguesa e a 20 em matemática, se o ensino remoto fosse mantido em 2021.
Em Minas Gerais, as aulas presenciais começaram a ser retomadas gradativamente em junho do ano passado.
“As perdas a gente sabia que iam acontecer, mas nós conseguimos minimizar”, afirmou Julia.
Entre as estratégias desenvolvidas pelo estado durante o período de ensino remoto, estão os Planos de Estudo Tutorados (PETs) – apostilas distribuídas on-line e de forma impressa para alunos com dificuldade de acesso a internet –, aulas transmitidas ao vivo pela televisão e o aplicativo Conexão Escola.
No entanto, a falta de computadores, celulares e acesso à internet na casa dos estudantes dificultou a aprendizagem. Além disso, as próprias ferramentas apresentaram problemas.
Para a secretária, o reforço escolar implantado no ano passado foi importante para minimizar as perdas dos discentes. Mais de 88 mil alunos participaram do programa em 2021 e, no ensino médio, mais de 80% dos que aderiram ao reforço tiveram aproveitamento superior à média.
“A gente indicava quais estudantes precisavam de reforço (…) Nós conseguimos fazer um bom processo de inclusão dos estudantes e de recuperação das perdas e medir esses resultados”, disse Julia.
Recuperação
Com a volta das aulas presenciais para todos os estudantes, o desafio agora é recuperar os prejuízos de quase dois anos de ensino remoto.
Os estudantes, que já foram afetados pela redução da aprendizagem em 2021, ainda ficaram mais de 30 dias fora das salas de aula neste ano, entre março e abril, por causa da greve dos professores. Segundo a secretária, 30% a 35% das escolas foram paralisadas.
Além do reforço escolar, que continua, a rede tem buscado trabalhar na revisão de conteúdos estudados durante o período remoto e realizado adaptações dos planos de curso.
Na avaliação da diretora da Fundação Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Fundação CAEd), Lina Kátia, para que os alunos superem as perdas, é importante que as escolas delimitem e privilegiem o currículo básico – aquilo que os estudantes realmente precisam saber para avançar.
“Se for passar o currículo todo que estava previsto, como se estivesse tudo normal, vai ser uma bola de neve, e o problema vai aumentar (…) Há defasagem, e encarar de frente e continuar buscando boas estratégias para que essa geração não seja perdida é muito importante”, diz a especialista.