Quatro embarcações foram atingidas após um paredão de um cânion cair no sábado (8). Todas as dez vítimas foram identificados pela Polícia Civil.
As buscas por fragmentos de pessoas e objetos no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), foram suspensas pelo Corpo de Bombeiros na tarde desta segunda-feira (10). A informação foi confirmada à TV Integração pelo major Rodrigo Paiva, comandante do Corpo de Bombeiros de Poços de Caldas. O material poderá ser usado nas investigações da Polícia Civil. Os militares aguardam avaliação para saber se as buscas serão retomadas na terça-feira (11).
Um dos cânions atingiu quatro embarcações, com pelo menos 34 pessoas, no sábado (8), e causou dez mortes. Todas as vítimas foram identificadas pela Polícia Civil. Um vídeo mostra o momento em que um dos cânions atinge as lanchas (veja acima).
“A situação de buscas nesta segunda-feira é de suspensão. Nós já temos a identificação das dez vítimas feita Polícia Civil, então hoje as buscas ainda estão suspensas. Carece ainda de uma avaliação por parte do nosso comando da operação se a gente permanece em continuidade das buscas de materiais que podem ajudar a Polícia Civil na terça-feira (11)”, explicou.
O major destacou o trabalho dos militares na rapidez das buscas para a resposta rápida às famílias.
“O trabalho da atividade de mergulho foi essencial e fundamental para o sucesso da operação. Sem os mergulhadores nós não teríamos obtido sucesso e êxito na localização dessas dez vítimas com tanta rapidez e agilidade”, completou
Ainda nesta segunda-feira, o governador de Minas Gerais (Romeu Zema) falou que os cânions de Capitólio passarão por análise de geólogos.
Bombeiros realizam buscas no local do acidente — Foto: Reuters
- O deslizamento ocorreu por volta de 12h30. Ainda não se sabe o que causou o acidente
- Quatro embarcações foram atingidas, segundo os bombeiros
- Dez pessoas morreram
- Uma equipe de mergulhadores está no local e não há previsão de término das buscas (elas foram suspensas durante a noite e foram retomadas na segunda)
- 27 pessoas foram atendidas e liberadas
- A primeira informação dos bombeiros dava conta de 20 desaparecidos, mas o número foi atualizado para 3
- Bombeiros e Polícia Civil estão no local; a Marinha foi acionada e vai investigar a causa
- Defesa Civil havia emitido um alerta sobre chuvas intensas na região com possibilidade de “cabeça d’água”; Marinha também investiga por que os passeios foram mantidos
Mortes
As 10 vítimas da tragédia em Capitólio — Foto: Arquivo/g1
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou 10 mortes pelo deslizamento. Já foram confirmados que entre as vítimas há 7 homens e 3 mulheres.
Feridos
Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 32 pessoas foram atendidas por causa do acidente, a maioria com ferimentos leves.
- Dessas, 27 foram atendidas e liberadas: 23 delas da Santa Casa de Capitólio e outras 4 da Santa Casa de São José da Barra, a 46 km de Capitólio.
- 2 pessoas com fraturas expostas foram para a Santa Casa de Piumhi, a cerca de 23 km de Capitólio;
- Um paciente internado na Santa Casa de Passos, a 74 km de Capitólio, é um jovem de 26 anos e morador de Pimenta (MG).
Feridos em acidente em Capitólio (MG) foram levados para cidades próximas; veja no infográfico — Foto: G1
Lugar turístico
A região de Capitólio e outras cidades banhadas pelo Lago de Furnas, no Centro-Oeste de Minas, é bastante procurada por turistas por sua beleza natural.
Assim como outras partes do estado, a região tem sido atingida pelas chuvas recentes: na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia emitido um alerta de chuvas intensas, que durariam até a manhã deste sábado.
No sábado (8), Defesa Civil de Minas Gerais havia feito um alerta sobre chuvas intensas e a possibilidade de ocorrências de “cabeça d’água’ em Capitólio, mas não há confirmação que essa foi a causa do acidente. A Marinha disse que investiga o motivo de os passeios serem mantidos.
Forma como rocha caiu em Capitólio (MG) agravou situação, diz bombeiro
“A gente tem uma formação rochosa que é basicamente composta por rochas sedimentares, então são rochas que naturalmente têm uma resistência muito menor à atuação dos ventos, da água, dos elementos naturais que atuam sobre a região”, explicou Aihara.
“Uma outra situação que acabou infelizmente agravando foi porque a rocha cai numa trajetória perpendicular. Geralmente, quando a gente tem ruptura por tombamento, a rocha sai de uma forma mais fatiada, ela escorre por aquela estrutura e cai de uma forma ou diagonal ou então mesmo em pé. Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas”, explicou o bombeiro.
Para o especialista em gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Melo, uma tromba d’água – inicialmente citada pelos bombeiros como motivo do deslizamento – pode ter agido como um gatilho para o deslizamento, mas não foi necessariamente a causa do problema.
Para Melo, a rocha se desprenderia de qualquer jeito, por causa da erosão:
“Essa rocha já estava com muita erosão, totalmente fragmentada, ela iria desabar em algum momento. A tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão, por um processo natural”, afirmou.
Nestes casos, segundo o especialista, o gerenciamento de risco consiste em isolar o local.
“Não tem muito o que fazer nessas situações. O gerenciamento de risco é: manter distância. Você tem que isolar a área. A única gestão de risco que é feita é isolar a área. Infelizmente ali as embarcações estavam muito próximas e o desabamento aconteceu nesse mesmo momento”, explicou Melo.
O geólogo Fábio Braz, da Sociedade Brasileira de Geologia, relacionou o desprendimento das rochas às chuvas – intensas e por um longo período – e classificou o acidente como “raro”:
“Fica cada vez mais evidente que realmente as fortes chuvas contribuíram para a queda desse bloco. Esse fraturamento vertical é típico de regiões de cânion. A gente também observa nos cânions do Rio São Francisco o mesmo tipo de feição”, explicou.
“É um fenômeno raro. Não descaracteriza o apelo turístico da região de Capitólio. É preciso, sim, que sejam tomadas, a partir dessa tragédia, as precauções necessárias, as distâncias, que seja calculado por especialistas na área de geotecnia qual a distância segura desses paredões”, disse Braz.
Passageiros tentaram avisar
Um segundo vídeo mostra passageiros de uma das lanchas tentando avisar sobre o deslizamento da pedra segundos antes de ela cair:
Passageiros de lancha tentam avisar sobre desabamento de cânion em Capitólio, MG
Governador lamenta acidente
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), lamentou o acidente na rede social Twitter:
“Sofremos hoje a dor de uma tragédia em nosso Estado, devido às fortes chuvas, que provocaram o desprendimento de um paredão de pedras no lago de Furnas, em Capitólio. O Governo de Minas está presente desde os primeiros momentos através da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros”, escreveu Zema.
“Os trabalhos de resgate ainda estão em andamento. Solidarizo com as famílias neste difícil momento. Seguiremos atuando para fornecer o apoio e amparo necessários”, completou.
Marinha vai apurar causas
Por meio de nota, a Marinha do Brasil informou que um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente (Veja nota completa mais abaixo).
A Polícia Civil de Minas está no local para identificar os danos e as causas do acidente.
Pedra desliza sobre turistas em Capitólio — Foto: Redes Sociais/Reprodução
Confira a íntegra da nota da Marinha
A Marinha do Brasil informa que tomou conhecimento de um acidente, no fim da manhã de hoje, após deslizamento de rochedo atingir embarcações que navegavam a região dos cânions, em Capitólio-MG.
A DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local.
Um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente/fato ocorrido.
Corpo de Bombeiros foram deslocados para prestar atendimento às vítimas — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Fonte: https://g1.globo.com/