Minas registra média de 7 mil pessoas desaparecidas por ano; saiba como ajudar na localização
Mobilização nas redes sociais é uma das ferramentas mais utilizadas atualmente; registro deve ser feito assim que o desaparecimento for constatado.
A angústia por parte de quem busca por um parente desaparecido ganhou um aliado importante nas últimas décadas. A evolução da tecnologia permitiu uma interação maior entre as pessoas, por meio das redes sociais. O g1 Minas reúne, nesta segunda-feira (25) informações que podem levar à localização de um ente querido.
Os dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) evidenciam a redução do número de pessoas desaparecidas nos últimos três anos.
Em 2019, foram 8.788 denúncias de desaparecimento. No ano de 2020, foram 6.857, ao passo que a Polícia Civil (PCMG) registrou 6.830 ocorrências desse mesmo tipo em 2021 (veja gráfico abaixo). Porém, o cenário pode estar relacionado com a pandemia e o contexto de isolamento social.
Registros8.7888.7886.8576.8576.8306.83020192020202102k4k6k8k10k
6.857
De janeiro a maio de 2022, de acordo com a Sejusp, foram 2.728 registros de pessoas desaparecidas em todo o estado. Quase 20% deste total está em Belo Horizonte, onde a PCMG assinalou 462 casos no mesmo período.
O engajamento nas redes sociais pode contribuir para mudar o desfecho de muitas destas histórias. Centenas de pessoas se mobilizam para tentar encontrar uma pessoa desaparecida, compartilhando imagens e números de telefone para contato.
De acordo com a Sejusp, das 22.475 pessoas desaparecidas entre 2019 e 2021, 14.933 foram localizadas, o que equivale a 66% dos casos registrados.
A projeção é um pouco menor, em 2022. Entre as 2.728 pessoas desaparecidas até maio deste ano, pouco mais de 62% foram reencontradas, o que equivale a 1.713 pessoas.
Desaparecida
Terezinha está desaparecida desde o dia 02 de julho — Foto: Arquivo Pessoal
Realidade muito diferente da vivenciada pela Adriana Santana, que convive com o desaparecimento da mãe, de 73 anos, há 23 dias, na Grande Belo Horizonte. “Estamos andamento sem rumo”, diz.
Em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a família ainda busca por Terezinha Santana Umbelino.
A idosa, que tem sofrimento mental, sumiu no dia 2 de julho depois de ir à casa dos enteados de uma das filhas. Desde então, buscas por ela são realizadas.
“O Corpo de Bombeiros já fez buscas na mata, a família está procurando em todo o lugar, ela passou por um restaurante às margens da BR-381 e pediu água. Já me falaram que ela foi vista em Nova União (na Região Central de Minas). Estamos procurando em todo lugar, estamos caminhando sem rumo”, contou Adriana Santana, uma das filhas de Terezinha.
Adriana mora em São Paulo e veio a Minas para ajudar nas buscas. Representante de produtos, ela precisou deixar o trabalho.
“É desesperador não ter notícias. No final da tarde dá um nó na garganta em pensar por onde anda minha mãe. É muito complicado”, desabafou.
Segundo a Polícia Civil, com o apoio do Corpo de Bombeiros e familiares, realiza diligências com o objetivo de localizar a idosa. De acordo com a corporação, “as investigações seguem em andamento para a completa elucidação das circunstâncias do desaparecimento. Quem tiver informações pode ligar no 0800 2828 197“.
Clique aqui e veja o álbum de fotos de pessoas desaparecidas em Minas Gerais.
Perfil de desaparecidos é variado
De acordo com a delegada Bianca Landau, da Divisão Especializada de Referência da Pessoa Desaparecida, o perfil do desaparecido pode variar muito. Geralmente, quem mais desaparece são adultos maiores de idade.
“Tem gente que opta por deixar o convívio familiar, quem desaparece involuntariamente após passar mal ou se perder, tem o desaparecimento de ordem criminosa e adolescentes que saem de casa por conta de conflitos familiares. Crianças são pouquíssimos casos”, detalhou.
Desapareceu. E agora?
Por muito tempo, as pessoas acreditavam que para realizar um registro de desaparecimento era necessário esperar o prazo de 48 horas. A delegada Bianca afirma que isso é um mito.
“Aqui em Minas, a primeira providência é o registro do boletim de ocorrência na divisão de pessoa desaparecida ou em qualquer outra delegacia de polícia ou na delegacia virtual. Quanto mais rápido registrar o boletim, maiores são as chances dessas pessoas serem localizadas”, reforçou a policial.
Depois do registro policial, a delegada conta que é emitido um alerta para as forças de segurança pública, é instaurado um procedimento e inicia-se um trabalho investigativo. São feitas diligências, que tem como ponto inicial as informações repassadas pelos familiares: qual roupa o desaparecido usava, se houve alguma movimentação na conta bancária, se a pessoa levou o aparelho telefônico.
“O nosso núcleo de assistência social faz buscas em hospitais, albergues, Instituto Médico Legal (IML) e dá suporte à família. O cartaz de desaparecido também é confeccionado e muitas pessoas já foram encontradas através dele”, disse Bianca.
Encontrou? Avise à polícia
“É necessário fazer o registro de localização para que o alerta desaparecer do sistema. Não precisa falar o motivo do desaparecimento, mas precisa informa que foi encontrado. Caso não seja feito, a pessoa que havia desaparecido pode ter problemas, por exemplo, para tirar documentos”, finalizou a delegada.