Firmas sem empregados e milhões da JBS põem filho de desembargador sob suspeita - Portal S3
   

Firmas sem empregados e milhões da JBS põem filho de desembargador sob suspeita

 Firmas sem empregados e milhões da JBS põem filho de desembargador sob suspeita

Chegada da PF no prédio da Pimentel, Mochi & Bento Advogados Associados, que abriga outras sete empresas (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Aumento astronômico do patrimônio de Rodrigo Pimentel entre 2017 e 2023 também é estranho

 

Uso de um único prédio luxuoso para abrigar sete de 12 empresas, além de ausência de funcionários em seus quadros e pagamentos milionários da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, colocam o advogado e filho de desembargador, Rodrigo Pimentel, sob suspeita de negócios escusos, segundo a Polícia Federal. O aumento astronômico de seu patrimônio entre 2017 e 2023 também é apontado em relatório da investigação.

Em 22 páginas, investigadores da corporação revelam que ainda há detalhes sendo investigados em inquéritos específicos, além do que, as buscas e apreensões da Operação Ultima Ratio, em 24 de outubro, podem desencadear mais evidências de supostos crimes.

O fato de Pimentel ser dono de 12 empresas com capital social de R$ 12,6 milhões e patrimônio atual registrado na Receita Federal de R$ 9,2 milhões pode esconder o crime de associação criminosa, destaca a investigação. O problema é que muitas dessas empresas, apesar de formalmente abertas, não contam com um funcionário sequer. Além disso, Pimentel obteve aumento patrimonial de 176 vezes em cinco anos, saindo de R$ 52,5 mil em 2017 para R$ 9,2 milhões em 2022.

Conforme a petição da PF enviada ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para conseguir os mandados que colocaram a Ultima Ratio nas ruas, Pimentel é investigado porque recebeu numerários da advogada Emmanuelle Alves, após sentença favorável a esta em tramitação processual suspeita de ter sido comprada. O Campo Grande News detalhou o tempo em duas reportagens (leia aqui e aqui).

Já nas análises de suas vidas fiscal e bancária, a PF encontrou que Rodrigo, filho do desembargador também investigado, Sideni Soncini Pimentel, é dono da Pimentel, Mochi & Bento Advogados Associados – com filiais em São Paulo (SP), Rio Claro (SP) e Brasília (DF) – e mais 11 empresas, sendo elas: RGP&Shorp Holding e Administração Ltda; RP Imóveis, Negócios, Consultoria & Projetos Ltda; RP&SHP Holding Ltda; RGP Móveis Planejados Ltda (Todeschini Campo Grande); PMB Holding e Participações Ltda; SHP Comercial e Montagens Ltda; RP Agropecuaria Ltda, com filial em Miranda; Texas Investimentos e Participações Ltda; Meop&Phop Holding e Administração Ltda, com cilial em São Paulo(Sp); B&B Representação, Soluções Médicas e Diagnósticas Ltda, com filial em Maringá (PR); e a Gartel Participações Ltda.

No escritório de advocacia, localizado no Carandá Bosque, Pimentel tem como sócio Lucas Gomes Mochi, filho do deputado estadual, Oswaldo Mochi Júnior, o Júnior Mochi (MDB). Com este, Rodrigo é sócio na B&B Representação, Soluções Médicas e Diagnósticas Ltda.

“Nesse sentido, além dessa empresa de soluções médicas e de seu escritório de advocacia, funciona neste mesmo endereço as empresas RP & Shp Holding Ltda, RP Agropecuária, RP Imóveis e Negócios, RGP & Shorp Holding e Administração Ltda, PMB Holding e Participações Ltda. Chama atenção a quantidade de empresas no mesmo endereço, pois atuam em diversos ramos de negócios diferentes”, pontua a PF.

Em relação às empresas B&B Representação, Soluções Médicas e Diagnósticas Ltda; Gartel Participações Ltda; Pmb Holding e Participações Ltda; RGP Móveis Planejados Ltda; RP Imóveis, Negócios, Consultoria & Projetos Ltda; e Meop & Phop S/A não há registros de funcionários em seus quadros, “o que causa certa estranheza”.

Sobre as empresas, a PF ainda destaca que há transações entre elas antes do valor chegar à conta de Rodrigo ou outra pessoa, prática que seria comumente usada com “recursos de origem ilícita com o objetivo de dissimular seu próprio patrimônio ou o repasse de recursos financeiros para terceiros, além de dificultar a fiscalização e controle do sistema financeiro”.

No que diz respeito aos seus rendimentos declarados, é importante citar o aumento repentino de seus recebidos. Rodrigo Pimentel declarou no ano de 2017 ter recebido como rendimento anual o valor total de R$ 52.500,00. No ano seguinte, em 2018, declarou ter recebido de rendimento anual o valor total de R$ 3.310.068,00, ou seja, de um ano para o outro o investigado aumentou seus rendimentos em mais de 62 vezes. Mais do que isso, Rodrigo Pimentel declarou ao fisco no ano de 2022 rendimento anual no valor total de R$ 9.226.989,95, isto é, em 6 anos ele aumentou seus rendimentos em mais de 174 vezes, fato esse que destoa da normalidade”, sustenta relatório da Polícia Federal.

Outro ponto levantado na investigação é o fato do escritório de advocacia de Marcus Vinícius Machado Abreu da Silva, filho de outro desembargador investigado, Vladimir Abreu da Silva, funcionar no mesmo prédio da Pimentel, Mochi & Bento Advogados Associados. Há ainda processos que envolvem petições e decisões (acórdãos) entre eles.

Para a PF, “a partir do momento em que filho de Vladimir possui seu escritório de advocacia no mesmo endereço do de um dos filhos de Sideni Pimentel, está demonstrado, a nosso ver, um forte vínculo entre tais famílias, e, diante da existência de decisões de tais desembargadores em processos nos quais atuou(aram) filho(s) do outro, entendemos haver indícios da existência de associação criminosa entre as citadas pessoas, no sentido de que as decisões dos referidos desembargadores beneficiem a atuação profissional de seus filhos advogados, possivelmente de forma cruzada entre as famílias”.

JBS – Chamou atenção dos investigadores o fato da JBS S/A ter repassado, num período de nove meses, R$ 20,8 milhões ao escritório de Rodrigo Pimentel. Isso entre dezembro de 2022 e agosto de 2023. Entretanto, esse fato ainda não é investigado.

Entretanto, a PF aponta que a empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista “já esteve envolvida em esquema de corrupção conhecido nacionalmente, inclusive com pagamentos para autoridades de Mato Grosso do Sul” e que os depósitos de alto valor em pouco tempo aumentam as suspeitas sobre o investigado.

Mas apenas o andamento das investigações vão apontar se houve cometimento de crime diante dessas transações.

A reportagem entrou em contato com o advogado Rodrigo Pimentel, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.

– CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS https://www.campograndenews.com.br/

 

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