Zema prevê possível colapso financeiro no terceiro mês após retomada do pagamento da dívida de Minas - Portal S3

Zema prevê possível colapso financeiro no terceiro mês após retomada do pagamento da dívida de Minas

 Zema prevê possível colapso financeiro no terceiro mês após retomada do pagamento da dívida de Minas

O governador diz que já pediu aos Poderes Legislativo e Judiciário para quitar os duodécimos do segundo semestre, que são pagos mês a mês, apenas no fim de 2024

O governador Romeu Zema (Novo) admitiu rever redução de 20% de benefícios fiscais que havia deixado para depois do fim do seu mandato

BRASÍLIA – Apesar de Minas Gerais estar sem pagar a dívida de aproximadamente R$ 165 bilhões com a União desde 2019, o governador Romeu Zema (Novo) prevê um desarranjo total nas contas do Estado já no terceiro mês, caso volte a pagar as parcelas cheias após o dia 20 de julho. Em entrevista exclusiva a O TEMPO Brasília nesta terça-feira (7), Zema reiterou que não comporta arcar com os R$ 6 bilhões, mais as prestações mensais entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões.

De acordo com o governador, se não for no primeiro ou no segundo, no terceiro mês haverá um desarranjo total das contas públicas. “É algo que só depende de tempo. É difícil dar uma projeção exata agora porque a Secretaria da Fazenda teria de fazer estes cálculos, mas eu digo que, quando você fica no negativo, tendo uma sangria desatada, uma hemorragia, é questão de tempo para que o coração pare de bater”, apontou.

O Estado voltará a pagar as parcelas cheias da dívida com a União caso a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) não autorize a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) até o próximo dia 20. Nesta terça, a Advocacia Geral do Estado (AGE) voltou a provocar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que, pela terceira vez, estenda o prazo para dar fôlego à tramitação da proposta alternativa ao RRF protocolada pelo presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), no Senado.

Zema exemplificou que já pediu aos Poderes Legislativo e Judiciário, assim como ao Ministério Público, para deixar de repassar as parcelas do décimo-terceiro mês a mês durante o segundo semestre. “Até já pedimos para que a totalidade do 13º destas instituições, que era pago mês a mês, seja paga só em dezembro devido a esse aperto”, justificou o governador. Até então, o Estado passava os recursos, de janeiro a dezembro, para que o décimo-terceiro fosse pago em dezembro.

Apesar das dificuldades financeiras, ao pleitear a adesão ao RRF, Zema propôs ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a redução de 20% dos incentivos ou benefícios fiscais à iniciativa privada apenas entre 2029 e 2032, ou seja, após o fim do mandato. A redução de incentivos fiscais é exigida aos Estados como uma das contrapartidas para a adesão ao RRF, sendo nos três primeiros anos de ingresso no programa e à proporção de, no mínimo, ⅓ ao ano.

Questionado se reduziria os benefícios ainda durante o mandato, o governo admitiu que sim. “Não tenho acesso aos detalhes, mas, se for necessário reduzir alguma questão de incentivo fiscal, se ficar preso nessa questão, nós faremos, sim. Nós temos é de manter as escolas funcionando com merenda boa. Os hospitais com médicos com medicamento e o funcionário público recebendo em dia. Isso é a prioridade. Outras questões têm de se ajustar a essas prioridades”, respondeu.

Segundo Zema, o governo fará aquilo que for necessário para viabilizar as finanças do Estado. “A última coisa que eu quero como governador é repetir o que aconteceu em 2017 e 2018. Como eu disse, atraso no pagamento, falta de repasse para as prefeituras etc. Nós tivemos prefeituras em Minas que começaram a quebrar, que ficaram sem condições de pagar a folha de pagamento em dia. Uma situação catastrófica que desestruturou todo o Estado”, apontou.

Por força de liminares do STF, o governo Zema permaneceu entre janeiro de 2019 e junho de 2022 sem pagar quaisquer parcelas da dívida do Estado com a União. O pagamento voltou a ser feito há dois anos, quando Minas renegociou as parcelas do serviço da dívida, ou seja, os juros e encargos, que deixou de pagar durante os três anos e meio. À época, o refinanciamento, que dividiu R$ 30 bilhões em 30 anos, foi autorizado por uma proposta apresentada pelo então deputado Dr. Hely Tarqüínio (PV), oposição ao governador.

Errata: ao contrário do que havia informado anteriormente a reportagem, o governo Zema pediu que os repasses do décimo-terceiro fossem feitos de uma só vez durante o segundo semestre, e não dos duodécimos. A matéria foi atualizada às 23h04.

Veja a íntegra da entrevista com o governador Romeu Zema:

fonte: https://www.otempo.com.br/

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