Vereador de cidade da Grande BH, policial da Bahia e advogado são presos em operação que investiga fraudes em concursos públicos - Portal S3
   

Vereador de cidade da Grande BH, policial da Bahia e advogado são presos em operação que investiga fraudes em concursos públicos

 Vereador de cidade da Grande BH, policial da Bahia e advogado são presos em operação que investiga fraudes em concursos públicos

Um vereador de São José da Lapa, na Grande BH, um advogado de Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce, e um policial militar da Bahia foram presos nesta quarta-feira (8) em uma operação da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) que apura fraudes em concursos públicos. Além dos mandados de prisão, 18 de busca e apreensão foram cumpridos.

Segundo a PCMG, a empresa organizadora dos certames, com sede na Bahia, é suspeita de facilitar a aprovação de candidatos indicados pelo poder público. Em troca, as pessoas pagavam o valor do primeiro salário.

As investigações começaram em junho deste ano, quando a polícia recebeu a informação de que um concurso do município de Piedade de Caratinga, realizado pelo Instituto de Educação e Saúde Pública (Iesp), seria fraudado. Os policiais entraram em contato com a prefeitura e avisaram que iriam fiscalizar as provas e digitalizar os gabaritos.

“Normalmente, essas fraudes em concursos públicos acontecem com a troca do gabarito: a pessoa vai fazer a prova e marca qualquer resposta, sabendo que, posteriormente, a banca troca o gabarito dela de forma que ela seja aprovada. […] Eles mudaram a fraude quando souberam que a gente ia estar presente, e os candidatos receberam a prova e o gabarito antecipadamente ao dia do concurso”, explicou o delegado regional de Caratinga, Ivan Sales.

 

Em uma primeira fase da investigação, a polícia descobriu candidatos que tiraram a mesma nota errando a mesma questão, no concurso de Piedade de Caratinga.

No entanto, a PCMG acredita na possibilidade de fraude em certames realizados também em outros municípios mineiros.

“A investigação foi caminhando e tomou uma proporção muito maior. […] A gente percebe que esse instituto realizou vários concursos em Minas Gerais em um curto espaço de tempo, o que aponta indícios de que pode ter havido fraudes”, afirmou o delegado.

 

Operação que apura fraudes em concursos públicos foi realizada em diversos municípios — Foto: Polícia Civil/ Divulgação

Operação que apura fraudes em concursos públicos foi realizada em diversos municípios — Foto: Polícia Civil/ Divulgação

O esquema

 

Segundo a Polícia Civil, um advogado de Belo Horizonte, alvo de mandado de busca e apreensão, é suspeito de “angariar municípios” para a fraude.

presidente da Câmara Municipal de São José da Lapa, vereador Kleyton Carlos dos Santos (Podemos), que foi preso, é suspeito de fazer a “ponte” entre Iesp e municípios. Na casa dele, foram apreendidos R$ 10 mil em espécie.

policial militar da Bahia, preso em Pernambuco, é suspeito de ir a cidades mineiras para fazer reuniões sobre as fraudes.

advogado de Piedade de Caratinga, que é ex-procurador do município, seria responsável por cuidar da organização do esquema na região.

presidente do Iesp também era alvo de mandado de prisão, mas não foi localizado e está foragido.

A Polícia Civil ainda suspeita que o prefeito de Piedade de Caratinga, Adolfo Bento Neto (DEM), esteja envolvido no esquema. Ele também foi alvo de mandado de busca e apreensão.

“Em Piedade de Caratinga, a gente tem pessoas que falam que pagaram para o prefeito, e o valor pago foi equivalente ao primeiro salário [do cargo público]”, disse o delegado.

 

Os mandados foram cumpridos em Caruaru (PE), Brejo da Madre de Deus (PE), Feira de Santana (BA), Serrinha (BA), Caratinga (MG), Piedade de Caratinga (MG), São José da Lapa (MG) e Belo Horizonte (MG).

Retornos

 

g1 entrou em contato com a Prefeitura de Piedade de Caratinga, com o Iesp e com a assessoria do vereador Kleyton Carlos dos Santos, de São José da Lapa, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Em nota, a Câmara Municipal de São José da Lapa afirmou que “em gestão alguma celebrou qualquer tipo de contrato com a empresa investigada” e que “se coloca à disposição para todos os esclarecimentos necessários”.

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